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A Filosofia no Ensino Secundário

Novidades editoriais de interesse para estudantes e professores de Filosofia.

A Filosofia no Ensino Secundário

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Equívocos na análise pública de manuais

wrong_place Há comentários sobre os quais não me apetece estar calado. Recentemente um leitor, colega e professor de filosofia, escreveu-me acusando-me de absolutamente parcial na análise de manuais. Para o justificar, o leitor afirma que eu cometo erros, mas, por mais que lhe pedisse para apontar os erros para os podermos discutir, não o fez. Limitou-se a fazer afirmações. Ora, fazer afirmações também eu sei fazer. Nem é necessário ser professor de filosofia para tal.

Rolando Almeida

Mas como insisti, o leitor lá apontou um erro fundamental (segundo ele!). Depois de me ter dito que eu jamais deveria trazer a público questões profissionais como a escolha e adopção de um manual resolve enveredar pelo caminho que critica e, faz um apelo em maiúsculas para os colegas terem em atenção algo de muito errado que eu não referi nas minhas análises, que é o facto de alguns manuais oferecerem o recurso electrónico e outros não e que nºao se deve confundir um CD Rom com um manual electrónico. Bem eu não sei bem qual é a intenção, nem sei avaliar esta questão acessória, mas sei dizer com clareza que os editores oferecem um manual electrónico por uma questão de marketing, e que o manual electrónico acaba por ser útil em diversas situações, como por exemplo, (como uma vez me alertou um outro colega num fórum de professores de filosofia), para aumentar o tamanho da letra para alunos com dificuldades visuais. De resto a edição electrónica do manual não apaga os erros que o manual possa ter. Com efeito, o mais curioso é que o meu leitor me acusa de parcial em relação ao Arte de Pensar que é precisamente o único manual que tem um fórum on line de apoio aos professores, com resposta ás nossas dúvidas praticamente na hora, 24 horas sobre 24 horas, 365 dias por ano. Em conclusão: o leitor acusa-me de parcial por não ter referido a questão dos manuais electrónicos. Mas não se acha nada parcial por não ter referido este aspecto sobre o manual em relação ao qual refere que sou parcial. Sou do Futebol Clube do Porto. Serei parcial só por não ser benfiquista?

Outro dos aspectos dos comentários do leitor e que também já me incomoda um bom bocado é o argumento de que o Arte é bom, mas não é o único e que deve haver pluralidade. O Arte de Pensar é um manual que, aquando da sua 1ª edição, se distinguiu de todos os outros, marcando o início de alguma pluralidade em manuais de filosofia. Portanto, o Arte de Pensar vem marcar a pluralidade e não anulá-la. Se eu gostasse do Pensar Azul – que justificadamente analisei como um mau manual - será que não era parcial?

Ainda outra questão interessante: qualquer autor torna público o seu trabalho, pelo que não encontro razões para que o mesmo não seja sujeito à crítica. Parece-me um bocado tacanha a ideia de que o conhecimento não possa ser sujeito à crítica pública. Estamos então à espera do quê? Que legislem sobre o que determina um bom e um mau manual? É precisamente por não existir obra pública relevante acompanhada de crítica que temos políticos a decidir como vamos usar a ortografia, como se os políticos fossem os linguistas do país. Será que desejamos ter políticos a legislar sobre a qualidade dos manuais de filosofia?

Para finalizar o leitor acusou-me ainda de subjectividade, que a análise de um manual é sempre subjectiva e que difere de contexto em contexto. Bem, em primeiro lugar a filosofia que se ensina em Santarém não é diferente da que se ensina no Funchal. Em segundo lugar se a análise dos manuais é subjectiva, qual é a moralidade do leitor para me acusar de errar? A pegar no seu exemplo (acessório, mas foi o que soube dar), se a análise é subjectiva, então nada há a discutir e se eu considerar que o manual electrónico não é importante, não é importante, ponto.

No fundo este leitor fez o mesmo de muitos outros. Pretendeu convencer-me que estou errado somente porque o que escrevo e analiso lhe faz cócegas nos preconceitos. O mais importante para mostrar que estou errado é pegar nas minhas afirmações e mostrar que elas contêm erros significativos. Foi o que fiz com os manuais. E é o que ouço os colegas dizer há anos e anos, que os manuais contêm erros científicos. Os colegas tem razão e eu resolvi mostrá-los. O meu crítico também afirma que fui deselegante para os autores. Pois claro que sim. Aceito isso. Mas quando analiso os manuais não estou a pensar nos autores, mas na filosofia e no seu ensino. Se eu estivesse a pensar nos autores nada diria pois não os conheço mas tenho o maior respeito pelas pessoas que são e como colegas de profissão. De resto também eu sujeito o meu trabalho à crítica. Neste meu blog tenho publicado muitos trabalhos meus, inclusive um que elaborei na ultima acção de formação que tive sobre filosofia.

Aproveito para republicar os links de todas as análises que fiz.

Em diálogo (Lisboa Editora)

Percursos (Areal Editora)

Filosofia 11 (Plátano Editora)

Pensar Azul (Texto Editora)

Contextos (Porto Editora)

Um outro olhar sobre o mundo (Asa)

Criticamente (Porto editora)

Logos (Santillana)

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Blog de divulgação da filosofia e do seu ensino no sistema de ensino português. O blog pretende constituir uma pequena introdução à filosofia e aos seus problemas, divulgando livros e iniciativas relacionadas com a filosofia e recorrendo a uma linguagem pouco técnica, simples e despretensiosa mas rigorosa.

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