Mas que paranóia
Tornei-me assinante da revista Philosophy Now. A revista é bimestral e custa qualquer coisa como 22€ anuais. Este número de Março / Abril tem como destaque de capa o problema da Paranóia, da privacidade e punição na vida moderna. A revista inclui ainda uma secção de críticas a livros e filmes. Dessas secções tenho a destacar a recensão ao livro de Paul Boghossian, fear of knowledge, Against Relativism and Construtivism, Oxford Universit Press, 2006. Como o título indica, trata-se de uma obra que coloca em causa as ideias principais defendidas pelos relativistas, para além duma denúncia de todo o mal estar criado por algumas dessas ideias. Mais importante, o livro desmonta os principais argumentos relativistas e sobretudo, a ideia de que o conhecimento não é mais do que uma construção social. Fiquei com vontade de o comprar e, ao mesmo tempo, a pensar no poder que este tipo de publicações tem para divulgar o conhecimento e o saber. A revista tem cerca de 55 páginas e uma apresentação gráfica que ainda deixa algo a desejar, na transição do fanzine para a gráfica altamente profissional, mesmo sendo impressa em várias cores e em papel de qualidade. Mais importante que tudo é que a revista é feita por universitários e estudantes. O mais interessante da Philosophy Now é que ela pode ser lida pelo público não especializado. Não se trata, portanto, de uma publicação para os autores mostrarem o seu conhecimento profundo e o seu umbigo, mas de uma revista para pensar problemas da filosofia. Tenho dúvidas sobre a viabilidade de uma revista como a Philosophy Now em Portugal, em grande parte pela falta de consumidores, mas também pela inércia na divulgação da filosofia ao público mais geral.