Quando hoje cheguei a casa tinha na caixa de correio o livro que aqui apresento. Já há algum tempo que pretendia meter-me numa experiência com o filósofo alemão, após a insistência durante a licenciatura. Estava mesmo interessado se existiria alguma boa introdução a Heidegger moderna que primasse pelo rigor da exposição. Não li ainda o livro todo, mas serviu para uma pausa entre tanta crítica e comentários a manuais escolares. Ao final da tarde, passeando o meu bebé de 5 meses, sentei-me numa esplanada, pedi um café e comecei a ler o livro. O que pude concluir? Que a exposição é realmente clara e toca no limite os principais pontos da filosofia do pensador alemão desde o Ser ao Dasein passando pela linguagem, verdade, tempo, morte, temporalidade, transcendência, consciência, entre outros. A exposição é muito curta (o livro tem 150 páginas) mas eficaz para colocar o leitor perante a obra daquele que é considerado por muitos o maior pensador do século xx. Pude também notar, pelas páginas lidas que, apesar da clareza da exposição, a filosofia de Heidegger é realmente obscura, mas o livro é de todo recomendável para quem já perdeu algumas das leituras centrais do autor. Mas, ainda com a minha mente a pairar sobre tantos comentários aos manuais não pude deixar de notar a afinidade que muita filosofia praticada em Portugal, mesmo no secundário, bebe da influência heideggeriana e pensei de imediato se seria justo acusar a filosofia nacional e alguns manuais de teoria da conspiração tal como alguns leitores tem acusado alguns manuais? Claro que não. Essa ideia parece-me de imediato tola. Heidegger é um pensador que tem o seu lugar e é um autor de difícil acesso, pelo que tomá-lo como influência para a filosofia no secundário só pode dar em tolice. Trata-se de um autor, como muitos outros, que exige uma especialização mais aprofundada em termos filosóficos uma vez que exige o domínio de um léxico pouco comum aos jovens. Mas é um autor complexo não só pela linguagem usada como também pelas ideias, tomadas por uns como inovadoras e, outros, como charlatanice. É, acima de tudo, um filósofo controverso e que merece, obviamente, a nossa atenção enquanto pensador influente no século xx. Michael Inwood é professor de filosofia no Trinity College em Oxford e publicou vários estudos sobre Hegel e Heidegger.
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Blog de divulgação da filosofia e do seu ensino no sistema de ensino português. O blog pretende constituir uma pequena introdução à filosofia e aos seus problemas, divulgando livros e iniciativas relacionadas com a filosofia e recorrendo a uma linguagem pouco técnica, simples e despretensiosa mas rigorosa.