Existencia, sentido e inferência no Tratactus
Recentemente chegou-me às mãos um estudo que me parece interessante sobre Wittgenstein, abordando três grandes vectores da filosofia de Wittgenstein no Tractatus, o da existência de objectos, do sentido linguístico e da concepção de inferência. Este é o percurso analisado por Rui Daniel da Costa Cunha, autor do estudo. Para abrir o apetite o autor começa com uma citação de Ryle que nos indica que o Tractactus de Wittgenstein pode ser descrito como o primeiro grande livro de filosofia da lógica. Para abrir o apetite deixo um pouco da introdução e regressarei em breve a esta obra, assim que a ler na totalidade.
Rolando Almeida
“Toda a filosofia consiste em propor teses, sejam elas epistemológicas, ontológicas, semânticas, estéticas, éticas, etc…, e aduzir argumentos a favor, respectivamente contra, essas teses propostas. Qualquer tese deve ser formulada clara e concisamente, dado que crucial na sua eventual refutação é a produção de contra exemplos, pois basta existir um caso em que um dado objecto X, que é suposto cair no âmbito dos objectos regulados por uma tese T, não apresenta o comportamento esperado de acordo com a tese, para imediatamente se poder concluir pela necessidade de revisão de T.
Essas teses têm a sua origem em problemas filosóficos, para os quais pretendem constituir soluções. Torna-se então fundamental poder testar a validade dos argumentos apresentados em defesa dessas teses, para o que se torna imprescindível a existência de um método de analise desses argumentos. A lógica elementar, ao apresentar um cânone de regras de inferência válidas para o raciocínio proposicional e para o raciocínio predicativo, fornece justamente uma base para esse método, pelo que é comum chamar-lhe análise lógica da linguagem.”
Rui Daniel da Costa Cunha, Existência, sentido e inferência, os princípios da filosofia da lógica do tractatus lógico philosophicus de Ludwig Wittgenstein, Arquimedes Livros, 2007