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A Filosofia no Ensino Secundário

Novidades editoriais de interesse para estudantes e professores de Filosofia.

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Mais uma falácia

Recentemente li algumas posições argumentativas que merecem um pequeno reparo. A primeira das quais confunde crença com o sentido em que habitualmente usamos o termo no senso comum, de crença religiosa. O segundo reparo dirige-se a uma posição que é comum ter-se, mas incorre numa falácia argumentativa. Consiste em não tomar posição sobre um determinado problema, pensando que desse modo se fica isento para poder ajuizar de modo imparcial.
Rolando Almeida

Esta falácia consiste em pensar que não tomar posição constitui uma vantagem para ajuizar. Acontece que argumentar desta forma é falacioso precisamente porque não tomar posição, em termos lógicos, significa tomar a posição de que se não toma uma posição qualquer. É uma posição defensiva, mas falaciosa porque é usada como armadilha para se mostrar que se tem mais razão que os outros somente porque não se está a tomar posição ou a defender X ou Y. Mas esta falácia também acontece porque se faz a confusão do termo crença com a crença religiosa. Na epistemologia crença é a base do conhecimento. Ter uma crença é ter uma convicção e não existe conhecimento sem crenças. Assim posso ter a crença de que a porta da sala onde estou está fechada ou a crença de que deus não existe. Acontece que a via empírica é plausível para saber se a porta da sala onde estou está realmente fechada, bastando, para tal, levantar-me da cadeira onde estou sentado e dirigir-me à porta, verificando se ela está fechada. A convicção que em mim se produz é bastante forte, pelo que confio, normalmente, nela. Vejo a porta fechada e verifico que a minha crença, além de verdadeira, está justificada. Não posso é proceder assim com deus, pelo que nem sei se a minha crença é verdadeira ou falsa. Poderíamos pensar que, assim sendo, é impossível conhecer deus. E tal seria mesmo impossível se deus fosse uma verdade sintética. Acontece que não sabemos se deus é uma verdade sintética ou analítica. Se for uma verdade analítica só poderá ser conhecido a priori. Mas isso é motivo para mais reflexão filosófica. Para já, quero somente reter uma ideia muito simples: a de que, como referi, a não tomada de posição no discurso é já, em termos lógicos, uma posição, pelo que usar este argumento para se mostrar que se está em algum posicionamento vantajoso, não passa de uma falácia que é necessário descortinar.

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Blog de divulgação da filosofia e do seu ensino no sistema de ensino português. O blog pretende constituir uma pequena introdução à filosofia e aos seus problemas, divulgando livros e iniciativas relacionadas com a filosofia e recorrendo a uma linguagem pouco técnica, simples e despretensiosa mas rigorosa.

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