Evolucionismo e Criacionismo
Os casos de livros de ciência destinados a informar o público em geral nem sempre são comuns entre nós. Mas tendo em atenção o mercado português, considero que temos excelentes propostas, sempre à cabeça com a Ciência Aberta, da Gradiva. O que é certo é que a maioria das editoras portuguesas publicam livros de divulgação científica, o que por si só é um bom sinal. 99% desses livros são traduzidos. Parece que os investigadores portugueses dedicam muito tempo à investigação e sobra-lhes pouco tempo, talento ou paciência para divulgar o seu saber interessando, desse modo, um público que, sem esses livros, se vê privado do conhecimento. Mas há casos felizes. Estou a lembrar-me dos livros de Carlos Fiolhais que tanto aprecio, ou os de Jorge Buescu, que deixam sempre a minha cabeça a andar à roda com tanta matemática, entre alguns outros autores. O caso que aqui anúncio trata-se de lançar a discussão tão em voga nos circuitos académicos mais prestigiados entre evolucionismo e criacionismo. O volume é organizado por Augusta Gaspar, investigadora em psicofisiologia e etologia de investigação social no ISCTE e professora auxiliar de biologia da Universidade Lusófona, e prefaciado por Clara Pinto Correia, reunindo colaboração de Teresa Avelar, Octávio Mateus, Frederico Almada e a própria Augusta Gaspar. É um livro informativo e muito claro do ponto de vista científico. Nele passamos a conhecer aspectos históricos quer do criacionismo, quer do evolucionismo. Mas, acima de tudo, significativo é que o livro se tiver ampla divulgação, pode lançar o debate em Portugal, país que culturalmente ainda sofre do síndrome do atavismo religioso. E era mesmo bom que o debate passasse afazer parte das nossas vidas, porque o mundo de hoje é incomparavelmente diferente do de há um século atrás.
Evolucionismo e criacionismo, uma relação impossível, Augusta Gaspar (coordenação), Quasi, 2007