SUSPENSÃO DAS OLPF
Caros colegas,
Fui apanhado completamente em estado de surpresa a meados do mês de Agosto, período de férias, na única consulta que fiz na Internet, com a suspensão das OLPF.
Na verdade, são vários os pontos a referir que me assaltam, fora aqueles que com o tempo ainda virão à reflexão:
1 - As OLPF constituem o único documento nos últimos anos que veio a dar consistência aos conteúdos a ensinar na filosofia.
2 – Deixa de se colocar o problema dos manuais a adoptar, uma vez que, sem as OLPF, pode voltar-se à fanfarronice tola dos manuais sem critério científico válido, mas com imagens de Big Brothers e éticas de café (como é o caso do manual que a escola na qual lecciono adoptou).
3 – Apesar de inicialmente homologado, a maior parte dos colegas nem sequer teve tempo de analisar, implementar e compreender o documento das OLPF, apesar do mesmo ter sido vinculativo a partir de Setembro de 2005.
4 – Deixamos de ter ponta por onde se lhe pegue quando queremos apontar um qualquer erro de base a um colega (como tantas e tantas vezes acontece), uma vez que voltamos ao vale tudo, com um programa claramente aberto, com o qual, podemos ensinar temas sem referir, sequer, autores que, na maior parte das vezes, nunca foram lidos.
5 – Sem conteúdos próprios a disciplina é menos exigente, menos rigorosa na avaliação e qualquer tolo pode fazer o trabalho que muitos colegas costumam fazer, sendo que os colegas necessitam de um certificado que os habilita a dizer as tolices que muito bem lhes aprouver. Este ponto pode soar politicamente incorrecto, com efeito, é a realidade que é incorrecta uma vez que me apoio em factos em concretos para fazer estas afirmações.
6 - A suspensão das OLPF tornam irrelevantes todas as publicações do CEF (menos para aqueles que nelas têm interesse que, curiosamente, até é habitual serem os professores que mantém algum interesse por um ensino da filosofia com critério). A suspensão das OLPF tornam menor o trabalho da SPF/CEF, minimizando o seu poder de actuação no que respeita ao ensino da filosofia. O problema que aqui se coloca é a prepotência do Ministério ao pretender ter maior poder de decisão do que quem “sabe da poda”, o que é manifestamente inaceitável. Que competências reúnem os senhores decisores do Ministério para passar por cima de quem de Direito e Conhecimento?
7 - Já que o programa é aberto continuarei a leccionar segundo os pressupostos das OLPF, a bem da filosofia, do seu ensino, e da importância fundamental que esta disciplina pode ter na formação do raciocínio, atitudes e valores dos jovens neófitos. Como consequência continuarei a colocar de parte um manual que custa 30€ aos alunos, que me foi imposto (porque nunca me passaria pela cabeça escolher tão ordinário livro) e a recorrer a fotocópias e textos on line para, de vez, ensinar, como posso, FILOSOFIA.
8 - Para que, de uma vez se saiba, a atitude do Ministério é a de TRAIÇÃO a quem trabalha com seriedade e a de brincar com quem ROUBA TEMPO Á VIDA para poder saber um pouco mais de Filosofia.
9. Com um programa aberto e tonto como o que está homologado, como deseja o Ministério que eu, enquanto professor, explique a pais e alunos os critérios de avaliação com rigor e de forma clara e objectiva? É que basta que um pai se dirija a uma escola diferente para perceber que se o seu educando atinge uma nota de 8 na escola A, pode atingir um 18 na escola B. Tudo isto como consequência da balbúrdia do programa e de um Ministério que deve ser responsável por não ouvir e dar crédito a quem de direito, no caso, o CEF.
OBS: este texto também pode ser lido em: http://www.cef-spf.org/
Rolando Almeida