Curiosidade Apaixonada
Porque fazemos distinções entre ciências naturais ou exactas e ciências humanas? Faz sentido esta divisão? Que dizer, então, de um filósofo como Descartes que, além de filósofo, foi matemático? Ou de Kant que foi cientista e astrónomo? Será o conhecimento assim tão dividido?
Carlos Fiolhais, físico português da Universidade de Coimbra, refere que entre letras e ciências existe a lua pelo meio. Este é, na verdade o ímpeto para compreendermos que o conhecimento é curiosidade apaixonada. É por essa razão que o livro com título inspirado em Einstein, aborda experiências que vão da literatura às viagens, cinema e peças de teatro. O livro recolhe várias crónicas e ensaios que estavam “avulsas” nas páginas do jornal portuense Primeiro de Janeiro.
Mas a curiosidade apaixonada, por vezes, como no caso português, possui obstáculos institucionais indesejáveis. Por essa razão o autor discorre também sobre o estado da educação em Portugal e os nossos maus resultados face aos restantes países europeus.
Mais que uma reflexão, trata-se do relato de uma experiência de vida, movida por uma curiosidade apaixonada. E não existe conhecimento sem filo-sofia, amor pelo saber, curiosidade apaixonada.
Carlos Fiolhais, Curiosidade Apaixonada, Gradiva, 2005
Rolando Almeida