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A Filosofia no Ensino Secundário

Novidades editoriais de interesse para estudantes e professores de Filosofia.

A Filosofia no Ensino Secundário

Novidades editoriais de interesse para estudantes e professores de Filosofia.

A censura na nova religião digital

censura Um dos blogs mais informativos que conheço em língua portuguesa sobre novo software é o Peopleware. Vários são os cronistas do blog, apesar que notei que alguns dos autores servem a comunidade de modo tendencialmente ideológico, principalmente quando toca à defesa irracional do software livre e nos ataques frequentes a empresas que cobram pelo seu trabalho, nomeadamente a Microsoft. Não vejo problema algum na defesa racionalmente argumentativa de que o software livre é melhor do que o pago. Só não vejo qualquer razão para que tal se defenda de modo irracional, como se de uma religião se tratasse. Tenho vindo a notificar, principalmente os artigos assinados por Rui Oliveira, desta circunstância, em que não se deve confundir uma defesa religiosa com uma defesa com argumentos racionalmente pensados. A solução dos autores do blog foi a de censurar os meus comentários. Claro que a solução mais fácil é a de calar aqueles que não concordam com as nossas ideias, aumentando assim a ilusão de que o mundo é tal qual o pensamos. Acontece que na esmagadora maioria das vezes a realidade é muito mais abrangente do que os nossos desejos e hoje não é incomum encontrar boa bibliografia a esgrimir argumentos contra e pró freeware. O que não me parece racionalmente aceitável é deixar no silêncio aqueles que não estão de acordo com as nossas teses, pois tal atitude demonstra uma clara falta de capacidade racional de argumentar, principalmente quando apresentamos um trabalho público com comentários abertos. É certo que também eu no meu blog já apaguei alguns comentários, mas nunca o fiz porque fossem comentários que objectassem as minhas posições. Apaguei e apago comentários quando eles são deslocados em absoluto do problema em debate. De resto, todos os posts que apresentam problemas não os tomam como verdades consumadas onde a discussão não tem mais lugar e só se abre espaço ao elogio e às dúvidas mais comezinhas, aquelas que sabemos sempre responder. Para quê então ter uma secção aberta de comentários se não admitirmos discussão para os nossos posts? Se publicamos posts com a exposição de uma tese racional perante um problema, qual a razão de não aceitar comentários que apresentam objecções? Tal como a maioria dos seres humanos, provavelmente por estupidez, também eu reajo aos fanatismos religiosos, mas sempre dentro dos limites do discutível. Que razão existe então para a censura de comentários que pura e simplesmente objectam as nossas teses?

É verdade que o amadorismo da internet está cheio destes casos. 99% do que hoje se publica on line é puro lixo amador. Mas também é verdade que exigimos um pouco mais de algumas publicações e um dos objectivos nobres é sempre o de manter a qualidade das nossas posições. Relativamente ao mundo da internet há muito a discutir e as verdades ainda não são reveladas, aliás, como relativamente a tudo o que envolve o gesto humano.

Em conclusão, no blog Peopleware defendi uma posição. Tenho-a defendida várias vezes e, ainda que as minhas palavras discordantes possam não saber bem psicologicamente aos autores, fui voltado ao silêncio. Não serei porventura um anjo, mas exige-se mais liberdade na discussão pública de ideias.

Mais um “AQUI”

Bem, vale a pena aproveitar as ferramentas DIY (do it yourself) das modernas tecnologias para contribuir no desenhar do mapa dos saberes. Como? Dando também ligações para o que de melhor podemos encontrar para ler na internet. Só os melhores filtros sobrevivem se estiver em causa a verdade e a seriedade. Os outros sobrevivem somente à custa do marketingue e publicidade. Segue então o link para a leitura de um texto que traduz uma boa síntese do mal que incorre num ensino facilistista. O autor é o ensaísta João Lobo Antunes e pode ser lido AQUI.

Uma situação moral comum

barulho02

Suponha o leitor que comprou uma casa nova e que o custo mensal da sua casa nova representa um grande esforço para si. Vem a descobrir pouco tempo depois que tem vizinhos que pouco respeitam as regras básicas de convivência, sujam os espaços comuns, tem um cão a ladrar dentro de casa pela noite e chegam a más horas alcoolizados fazendo barulho, para além da típica música pimba ao sábado de manhã a altos berros. Questiona-se como é que tal gente tem dinheiro para pagar o apartamento já que para o leitor representa tanto esforço e não pode dar-se a certos hábitos como alcoolizar-se a meio da semana. Descobre dias depois que essa família tem rendimentos baixos e que conseguiu a casa com um protocolo com o governo. O legal proprietário dispôs a casa para o governo alugar e oferecer a preços baixos a famílias de baixos rendimentos, visando desta forma dar-lhes habitação decente e integração social. A questão é: que obrigação moral temos de socializar pessoas nestas condições? Esta questão tem contornos legais, como é claro, mas foi um problema que a minha esposa me colocou um destes dias. Perguntou-me: tu, como filósofo, como avalias moralmente esta situação?  E o leitor, o que pensa disto?

E?

Não é hábito trazer para aqui questões políticas, já que o FES destina-se à divulgação da filosofia, mas há coisas que são mesmo irritantes. Acabei de ler num jornal on line:

Educação: 125 mil vagas em cursos profissionais no próximo ano lectivo – Sócrates

E daí? Isso é bom ou mau para os nossos estudantes? Se é bom, é bom em que medida? Que vantagens sociais e pessoais traz o aumento esmagador do ensino profissional? Não existe aqui uma petição de princípio?

O que sabemos é que está ainda por avaliar as reais causas do sucesso dos alunos no ensino profissional, que passam de 7 no ensino regular a 17 no ensino profissional, mesmo não desmerecendo as qualidades do ensino profissional.

Exigências para se ser médico

img_cadastro_medicoAQUI falei sobre o absurdo das médias de entrada no ensino superior no curso de medicina. Mas o lobby da Ordem dos Médicos parece não ter qualquer travão. Recentemente ouvi nas notícias um elemento da Ordem dos Médicos insurgir-se contra o método de selecção dos futuros médicos na Universidade do Algarve. Segundo apurei este curso privilegia capacidades como rigor no raciocínio crítico e capacidade analítica de problemas. Mas para a Ordem dos Médicos o importante é a reprodução social da riqueza e do estatuto. Se as pessoas querem estudar medicina, deixem-nas estudar que na quantidade surgirá de certeza a qualidade. O mais interessante é que tudo quer fazer parecer que temos um sistema altamente rigoroso de entrada no ensino superior, com exames complicados e médias elevadas. Mas na prática não temos um ensino superior com mais qualidade daqueles dos países nos quais o acesso é mais facilitado. E é esta razão que me faz querer que as médias elevadas no curso de medicina não estão ligadas a qualidade e rigor, mas a pura birra de uma Ordem que funciona segundo o espectro salazarista.

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Blog de divulgação da filosofia e do seu ensino no sistema de ensino português. O blog pretende constituir uma pequena introdução à filosofia e aos seus problemas, divulgando livros e iniciativas relacionadas com a filosofia e recorrendo a uma linguagem pouco técnica, simples e despretensiosa mas rigorosa.

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