Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A Filosofia no Ensino Secundário

Novidades editoriais de interesse para estudantes e professores de Filosofia.

A Filosofia no Ensino Secundário

Novidades editoriais de interesse para estudantes e professores de Filosofia.

Fabulástico!!!

Ora aqui está o quadro que mostra como se pode ir do 8 ao 80 em 2 ou 3 anos. E alguém acredita que isto é da força política? Ou isto não será mesmo uma mentirazeca bem metida? Não é socialmente mal visto acabar com o exame de filosofia, mas seria muito mal visto acabar com o exame de matemática. Caso contrário seria essa a fórmula mágica para acabar de vez com chumbos em exames de matemática. Mas é sempre bom saber que de repente, estudantes que há uns 5 anos se viam aflitos para alcançar resultados positivos a matemática e que nada tendo mudado na forma de a ensinar, esses rapazes e raparigas são hoje jovens promessas no campo da matemática. Um destes dias só falta mesmo dizer que a média de positivas ao exame de filosofia é de 100%, já que se acabou com ele. Já há quem fale por aí em milagre. Eu prefiro pensar que se trata de uma mistura muito bem feita entre fabuloso e fantástico ou – fabulástico!

Fonte da notícia: Dúvida Metódica

o_falso_milagre_da_matem_tica_5_

FpC em Paredes de Coura e em outras escolas

ng1159362 O Diário de Notícias do passado dia 18 de Junho, noticia o projecto de filosofia para crianças dos colegas de Paredes de Coura. Referencia o projecto como pioneiro na escola pública em Portugal. Mas tal não é verdade. Existem projectos de FpC em muitas outras escolas, incluindo a escola em que lecciono. Não interessa quem é mais bonito do que quem, mas fica reposta alguma justiça a todos os colegas que têm desenvolvido a FpC na escola pública portuguesa. A notícia pode ser lida AQUI.

A fotografia é retirada do próprio DN

Michael Jackson e o problema da identidade

michael-jackson-ugly Um dos problemas abordados no livro de James Rachels, Problemas da filosofia (Gradiva, 2009) é se a continuidade corporal é um critério forte para resolver o problema da identidade. Parece que não é. Michael Jackson colocou publicamente esse problema nas mutações, principalmente na cor de pele, que infligiu ao longo da vida ao seu próprio corpo. Com efeito, mesmo após todas as mudanças, continuou sempre a ser o Michael Jackson. Ou não?

Esclarecimento

Fiz algumas confusões nos dois posts sobre as declarações da SPM em relação aos exames de matemática. Na verdade tratam-se de declarações referentes a exames diferentes, um de Matemática A e outro de Matemática B. E já agora aproveito para concordar com a leitura que Aires Almeida fez num comentário ao post anterior, a de que devem ser os professores a certificar os manuais escolares se chegar a existir esta modalidade. Com efeito há razões para pensar que os professores do ensino secundário devem também integrar as fileiras das sociedades científicas fazendo a ponte entre realidades de ensino tão distantes, a do ensino superior e a do ensino básico e secundário. Agradeço uma vez mais a Aires Almeida a correcção.

Em quem confiar?

Já se sabe que o jornalismo deixa de o ser, sério e fiável, quando sujeito a manipulações. Esta notícia (AQUI) desmente a que deu origem ao meu post anterior. E é bem feito para mim para não andar aqui a postar coisas que leio nos jornais. Assim ficamos sem saber muito bem se o exame de matemática é ou não facilitismo. Só não percebo muito bem por que razão anda a SPM a tecer considerações sobre os exames, mas não tem qualquer aval para os realizar. Faz isto algum sentido? Afinal temos uma Sociedade de Matemática com peritos altamente qualificados que detectam com perícia todos os erros dos exames da sua ciência, mas para os fazer são os técnicos do Ministério. Afinal a SPM só serve para estar “à coca” a ver se apanha as fragilidades dos técnicos da 5 de Outubro. Mas para que raio queremos as sociedades científicas se elas são ignoradas pelo ministério da educação? Não devia o ministério requisitar as sociedades científicas para revisão dos programas de ensino, elaboração de exames, certificação de manuais?

Era de esperar

os-burros[1] Já esperava que o actual ministério da educação continuasse a sua política em relação aos exames nacionais. A estratégia é simples e visa aumentar os resultados, colocando-os ao mesmo nível que os outros países da OCDE. Para os exames de disciplinas socialmente menos visíveis, como a Filosofia, acaba-se pura e simplesmente com eles, mesmo ignorando que mais de 300 cursos de licenciatura pediam esse exame, ainda que na maioria dos casos não em exclusividade. A vantagem é que o estudante com o exame de filosofia podia concorrer a vários cursos. Em relação aos exames de disciplinas que socialmente não se pode acabar com elas, como matemática e português a estratégia consiste em desvalorizá-los, decompondo-os no mais simples. É isso mesmo o que defende a SPM, como se pode ler AQUI. E é este o tratamento político a dar às massas.

Para pensar - ironias da profissão

rope3 Uma das necessidades que sinto como professor é a de formação na minha área científica. Ela é não só rara como obrigatória. Sou daqueles que de bom grado pagaria a formação se ela aparecesse. Como raramente aparece vou fazendo formação em áreas que pouco ou nada adiantam à minha prática lectiva e em quase nada me tornam melhor profissional. Esta semana quando me dirigi ao quadro de propostas de formação para este final de ano lectivo, a oferta era muito reduzida. Em filosofia nenhuma havia. Poucas ou nenhumas existiam em outras áreas científicas, como física, biologia ou história. A quase totalidade da oferta é em áreas de pedagogia romântica ou artes e ofícios (pintar azulejos, etc.) e em Educação Física (quase todas versando pouco em educação física propriamente dita, mas em pequenas actividades práticas). Mas vi duas que me despertaram a atenção. É certo que uma delas é destinada a professores de Educação Física, mas a outra (não me lembro bem qual das duas) é destinada a todos os docentes. Vale a pena observar os títulos e pensar um pouco o que raio vai fazer um professor de filosofia ou matemática a formações com os títulos que a seguir transcrevo:

Salto à corda, um salto para a saúde

Escalada – propostas de abordagem pedagógica no contexto escolar

Confesso gostar especialmente da segunda. Deixa-me a pensar que o uma vez chegado o verão posso sempre inventar uma actividade como:

Beber Cerveja na esplanada aqui ao lado: subsídios para a compreensão ôntico- epistemológico da circunstância metafísica do existir

Ou então:

Introdução ao tremoço em contexto da docência centrada na bipolaridade ensino- aprendizagem

Não sei que pensar. Aceitam-se sugestões.

Sistema de ensino sem chumbos

chumbo A propósito ainda do meu post anterior: Não sou defensor que se deva chumbar alunos quando eles não sabem grande coisa. Também não defendo a tese de que antigamente os estudantes aprendiam muito mais. Pelo menos a avaliar pela competência de muitos políticos, professores, médicos e advogados, entre outros profissionais dos nossos dias, posso constatar que antigamente (como se costuma chamar às duas gerações mais velhas) o ensino não era muito melhor do que é actualmente. Não me parece que a catástrofe dramática esteja toda alojada nas gerações jovens. Em muitos aspectos as novas gerações parecem-me mais aptas que as anteriores. E não defendo a ideia do chumbo sistemático dos alunos, pois não me parece que essa solução seja melhor do que a de os aguentar na escola aprendendo sempre mais alguma coisa. Qualquer sistema, o de chumbos ou a da escolaridade obrigatória sem chumbos tem consequências positivas e negativas. As mais imediatas são:

Positivas – o jovem tem de cumprir x anos de estudo, independentemente se sabe muito ou pouco, se progride rapidamente na aprendizagem ou se é mais lento. Mais vale estar na escola a aprender alguma coisa do que em casa onde, em regra, não tem as ferramentas para aprender.

Negativas – o natural desinteresse e indisciplina que daí decorre já que com um sistema sem chumbos, a luta pela nota fica grandemente afectada para um número muito grande de alunos. E a indisciplina promovida por algum sentimento de impunidade.

De todo o modo um sistema de ensino sem chumbos não implica que a escola tenha de admitir nas suas fileiras a indisciplina e o vale tudo. Não implica também, de modo algum, que os melhores não sejam premiados. Então, onde é que está o rigor de um sistema de ensino sem chumbos? Aparentemente para a maioria das pessoas um sistema de ensino sem chumbos implica a balda completa. Tal não é necessariamente verdade, ainda que se corra esse risco, do mesmo modo que se corre riscos num sistema de ensino com chumbos, por exemplo, premiando sempre os alunos socialmente mais beneficiados e que vêm ensinados de casa, em detrimento dos outros que não gozam dessa possibilidade. O rigor de um sistema de ensino sem ou com chumbos (é igual para ambos os sistemas) está nos currículos e naquilo que se ensina. E aqui é que me parece surgir o problema no sistema de ensino actual em Portugal. Pretende-se anular os chumbos dos alunos à custa de sacrificar o rigor dos programas de ensino. A consequência é termos maus manuais, professores pouco preparados, exames cada vez mais infantilizados, programas despidos de conteúdos próprios de cada disciplina. E a consequência social futura é continuarmos a ter gente incompetente, mas licenciados. Ora a finalidade de um sistema educativo não é chumbar alunos, é verdade, mas também não é o de distribuir diplomas para inglês ver. A razão da existência de um sistema educativo é primordialmente, o de formar pessoas capazes de dar contributos significativos para a comunidade. Mas isto só é possível com saber, muito saber e não conversas fiadas e brincar às escolas.

Administrativos do ensino

burocracia Segundo apanhei na internet, um relatório da OCDE conclui:

“Portugal é dos países onde os professores gastam mais tempo a manter a ordem na sala de aula e em tarefas administrativas e menos tempo a ensinar.”

(…) E a estudar, acrescento eu. Os professores fazem basicamente o que a tutela manda fazer. Esta é efectivamente a realidade que observo todos os dias. A maior parte do tempo dos professores nas escolas é passado a discutir e a tratar assuntos de ordem burocrática. Observar um grupo de professores a discutir activamente e com propriedade matérias de ensino, ideias, teorias, argumentos, é puro delírio. É tarefa de quem não tem mais nada para fazer. E isto é inteiramente verdade, os professores pura e simplesmente tem cada vez menos tempo para fazer a única coisa que lhes deve ser exigida: estudar e prepararem-se cada vez melhor. Estudar não é valorizado pelas políticas educativas, em especial a do último governo que tem sabido aprofundar esta realidade. Para que o professor estude menos (e os alunos também) e garantam ao mesmo tempo o sucesso educativo, há que: 1) acabar com os exames de disciplinas menos vistosas (como física ou filosofia) 2) tornar os exames o mais fáceis possível ( e não os programas o mais rigorosos possível – é que isto dá trabalho). Talvez se a humanidade fosse mais justa teríamos 100 mil professores na rua a protestar por mais tempo para estudarem e serem melhores professores tal como os tivemos a reclamar melhores condições profissionais. Se fosse exigido aos professores mais estudo, talvez tivéssemos um ensino baseado em conteúdos sólidos e talvez esse ensino mais entusiasmante captasse uma franja importante de alunos que se estão nas tintas para a escolês do eduquês. Talvez um dia tivéssemos melhores cientistas, médicos, professores, melhor economia e indústria, capacidade inventiva, etc. E tudo isto com um gesto tão simples: mandar os professores para casa estudar, que é a única coisa que deviam fazer para além das aulas, mas que é a única coisa que cada vez é menos exigida. E uma escola que não exige aos seus professores que estudem, é uma escola que não vai ter alunos interessados em estudar. A ideia não é ser dramático com este post, mas parece que a realidade caminha a bons passos para um ensino onde o saber, o conhecimento, a ciência, são confundidos com o saber fazer. É confundir a causa com a consequência. Na verdade defendo que nada se sabe fazer, se não se sabe pensar pela própria cabeça, se não temos produção filosófica, científica e artística.

Hoje ao final do exame de português do 12º ano os alunos na escola onde ensino diziam-me que o exame tinha sido fácil. O problema é que esta facilidade não é resultado do esforço e do estudo, mas em grande parte (mais que a desejável) é resultado do facilitismo. Ou estarei a ver mal as coisas?

Pág. 1/2

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Blog de divulgação da filosofia e do seu ensino no sistema de ensino português. O blog pretende constituir uma pequena introdução à filosofia e aos seus problemas, divulgando livros e iniciativas relacionadas com a filosofia e recorrendo a uma linguagem pouco técnica, simples e despretensiosa mas rigorosa.

Arquivo

  1. 2009
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2008
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2007
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2006
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D