Pelo segundo ano consecutivo, o Sindicato Democrático dos Professores da Madeira, traz à ilha Desidério Murcho, para uma acção de formação destinada a professores do ensino secundário. Depois da acção do ano passado sobre o ensino da lógica, este ano, dia 20, 21, 22 e 23 de Outubro, Desidério Murcho dará as suas lições sobre a lógica formal e informal no ensino da filosofia. Estas acções revestem-se de particular interesse, já que a lógica é transversal a todo o ensino da filosofia.
www.apaef.com é o novo domínio e site da Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico. O site foi totalmente reestruturado, passando agora a ter um suporte diferente, para se adaptar a muitas das potencialidade que a internet poderá trazer à nossa organização. O que interessa, de facto, é colocar o melhor que a internet tem ao serviço da APAEF, a fim de que todos os membros se sintam mais próximos e possam colaborar. Clicar na imagem para aceder ao site.
Um destes dias um colega de filosofia questionou-me se eu defendia a tese que diz que um padre não pode ser filósofo. Argumentei que um padre pode perfeitamemente ser um filósofo e dei alguns exemplos. O que é de esperar é que o padre filósofo discuta livremente os argumentos na filosofia da religião, mas outra coisa não será de esperar que o padre defenda a sua crença num deus. Um padre pode ser filósofo na mesma medida em que um ateu o pode ser. Mas ambos devem estar dispostos a abandonar as suas crenças se tiverem razões mais fortes para tal. Nada disto parece ser muito especial. O que pensam os leitores?
Nos dias que correm temos de ser muito selectivos no que lemos, já que há muito para ler e o tempo é impossível para tudo. Os autores correm o risco de não serem lidos. A estratégia que me parece mais eficaz é escrever textos directos, com a informação clara e rigorosa e especificar cada meio de comunicação. Foi o que fez Pedro Galvão com Da Pluralidade dos Mundos, o blog no qual explora alguns dos principais problemas filosóficos da ética. O que mais de interesse tem este blog é que o Pedro consegue em meia dúzia de linhas deixar-nos a par de noções complexas como o "realismo modal". E, Pedro, nem imaginas o tempo e trabalho que nos poupas ao ensinar estas noções que muitas das vezes desconhecemos. Clicar na imagem para aceder ao blog.
“A ministra da Educação considerou que a dependência dos alunos portugueses das explicações é uma situação típica do «Terceiro Mundo» e uma situação já «muito antiga» em Portugal.
Reagindo ao estudo feito por três investigadores da Universidade de Aveiro sobre o mercado das explicações em Portugal, Maria de Lurdes Rodrigues lembrou aquilo que costumava dizer que «havia escola pública de manhã e privada à tarde».
«De manhã, os alunos estão na escola, de tarde, vão para a explicação. Isso não é uma situação aceitável e portanto é necessário criar condições para que os alunos possam fazer a sua aprendizagem para que possam ter acesso a uma efectiva aprendizagem de qualidade no espaço da escola», defendeu. “
Então estará aqui a razão do sucesso do sistema educativo dos últimos 3 anos. Afinal são necessárias reformas, pois os alunos obtiveram bons resultados, mas à custa de explicadores. Mas! Espera! O primeiro ministro disse publicamente que os resultados positivos se devem ao esforço dos professores e alunos. Não falou em explicadores. E depois há aqui uma outra coisa que soa errada: se o sucesso educativo já existe, o que é que a ministra tem a ver com se os alunos procuram ou não explicadores? Que um indivíduo tenha a liberdade de procurar aperfeiçoar os seus conhecimentos seja onde for não é do terceiro mundo, mas do primeiro, onde existe liberdade de opções. Além do mais a ministra pode descansar, pois o seu ministério ao consolidar de vez o eduquês no sistema de ensino (aliás, nem sei se consolidou ou só o deixou andar uma vez que este ME ainda não mexeu uma palha no sistema educativo, mas tão só em questões profissionais), atirou com centenas de explicadores para o desemprego e os que se aguentam no sistema são para aqueles alunos cujos encarregados de educação querem a toda a força que os filhos se formem em medicina. É que o facilitismo deixa pouca margem para o trabalho de explicadores.
Já que peguei na peça e a propósito dos alunos que querem estudar medicina, a semana passada ouvi uma encarregada de educação a contar as maravilhas do seu rebento futuro médico. Entre a história da nova aventura do rapaz surgiu uma pergunta que fixei. O futuro médico pergunta à mãe aterrorizado: “Mãe, vou ter de ver cadáveres?”. Hoje mesmo, na SIC via um programa de prostituição de alta roda. Quando perguntaram à Verónica se gostava do que fazia, respondeu: “Sempre que penso nisso penso que financeiramente compensa”. Se esta relação for consistente é possível que, em Portugal, ver cadáveres dê dinheiro. Se assim for será que ainda me espera uma grande carreira como coveiro?
Uma súmula do existencialismo apresentada por Simone de Beauvoir é a proposta da Esfera do Caos para o ensaio filosófico. O existencialismo e a sabedoria das nações é um texto inédito, curto no tamanho (cerca de 100 páginas) mas elucidativo no conteúdo. Para além de tudo é um texto histórico. O existencialismo aqui tem um cunho fortemente pessoal, mas a visão é clara e a escrita fluida. Uma boa leitura deste verão.
Provavelmente não terei tempo para ler este livro, mas tenho gosto em saber que mais um dos muitos livros do filósofo espanhol Fernando Savater foi publicado entre nós. O ritmo a que Savater publica é invejável. Tem uma escrita acessível e cheia de bom humor e é um dos mais respeitáveis divulgadores da filosofia peninsulares. Goste-se ou não, são precisos muitos Savaters para mostrar às pessoas o valor da filosofia, porque a filosofia é feita por pessoas, para as pessoas nela se interessar.
Hoje revi algumas passagem de Como se faz um filósofo, de Colin McGinn, um dos livros que li de uma vez só. Escrevi sobre este livro na Crítica. Basta clicar na imagem para aceder à minha recensão.