Nova página académica de Desidério Murcho, actualmente a trabalhar para a Universidade Federal de Ouro Preto, no Brasil. A par com o seu trabalho académico, Desidério Murcho é um dos nomes da filosofia em Portugal que mais se tem empenhado na renovação do ensino da filosofia no secundário, sendo formador de professores de filosofia, traduzindo inúmeras obras, disponibilizando textos e pequenas traduções para professores do ensino secundário, co-autor de um dos manuais mais adoptados de filosofia, para além de ter publicado uma obra de peso considerável em nome próprio. Murcho é ainda director da revista Crítica disponibilizando o maior arquivo de textos e traduções de textos de filosofia existente em língua portuguesa. Para além disto, Desidério Murcho, é ainda moderador do fórum on line do manual A Arte de Pensar dando um apoio quase permanente aos professores de filosofia que trabalham com o manual do qual é co-autor. Como se não bastasse, Murcho tem agora on line uma nova página que pode ser visitada aqui. A obra feita é prova manifesta do seu empenho pela filosofia e a sua divulgação.
O mais famoso contributo de Tomás de Aquino para a filosofia da religião são as Cinco Vias ou provas da existência de Deus a que se refere na sua Summa Theologiae. O movimento no mundo, argumenta Tomás de Aquino, só é explicável se existir um primeiro motor imóvel; a série de causas eficientes no mundo devem conduzir a uma causa sem causa; os seres contingentes e corruptíveis devem depender de um ser necessário independente e incorruptível; os diversos graus de realidade e bondade do mundo devem ser aproximações a um máximo de realidade e bondade subsistente; a teleologia normal de agentes não conscientes no universo implica a existência de um Orientador universal inteligente.
Nova forma de conceber sistemas multi-robots dá prémio a investigadores portugueses
Da Filosofia da Ciência para a Robótica. Foi este o salto que prendeu Porfírio Silva ao estudo da vida e inteligência artificiais. O resultado do seu trabalho de doutoramento entra agora na fase de implementação e o paper sobre isso mesmo deu-lhe, bem como a Pedro Lima, do Instituto Superior Técnico, o prémio de melhor paper de Filosofia apresentado na 9º Conferência Europeia sobre vida artificial. Os conceitos de corpo e de vida social mudaram a visão que se tinha da inteligência artificial. Porfírio Silva e Pedro Lima mostram como isso pode ser aproveitado no desenvolvimento de equipas de robots inteligentes.
Muito tenho discutido aqui sobre os preconceitos criados em torno da filosofia. A razão para o fazer é porque ouço, diariamente, disparates em relação à filosofia e àquilo que ela é, bem como da atitude que, face a ela, podemos e devemos manter. Desde o típico, “os filósofos são todos loucos”, passando pela célebre, “a filosofia não serve para nada”, ou até o mais simpático, “os da filosofia são cultos e profundos” (uma espécie de demiurgo místico que vê mais que os outros e que ficaria muito bem com uma tenda numa qualquer feira de Vilar de Perdizes).
Não são raras as vezes que observamos lutas e disputas entre diversas correntes filosóficas, como se de autênticas rivais se tratasse. A expressão deste aspecto é manifesta nos departamentos das universidades. “Não se deve dar muita confiança aquele porque é analítico”; “Ai, aquele esteve a fazer uns seminários nos Estados Unidos e agora acha que sabe tudo”; “Olha, o tipo passa a vida a citar em alemão e grego, mas é só para se evidenciar, porque não sabe nem alemão, nem grego”, etc.
A propósito do comentário de um leitor, lembrei-me de escrever algo mais sobre aquilo que a filosofia não é. Pelo menos o que ela não é intrinsecamente, ainda que possa ser usada instrumentalmente para vários fins. Podemos usar uma faca para cortar uma maçã ou para matar. Sabemos bem das distâncias da nossa acção, mesmo tratando-se do mesmo objecto usado, a faca. Mas tal não nos permite pensar que, quando entramos numa loja de utensílios de cozinha e vemos que se vendem facas, que entramos numa loja de armas. Se assim pensássemos, do mesmo modo poderíamos pensar tal coisa quer para facas, esferográficas, lâminas de barbear, garrafas, cadeiras ou todo e qualquer objecto que nos permita usá-lo com violência ou arma de arremesso para matar pessoas. O mesmo se passa com a filosofia, ainda que, no caso, seja mais complicado pensar que a filosofia sirva para matar. Mas até isso podemos pensar. Não foi isso que pensaram os ditadores dos regimes totalitários?
Em pesquisas no Google, vou encontrando alguns sites e blogues que recomendam nos seus links A Filosofia no ensino secundário. Deixo aqui uma lista daqueles que vão sendo encontrados.
Este blog não tem nem nunca teve regras muito apertadas. Além de privilegiar e procurar que os textos tenham uma linguagem acessível visando a divulgação da filosofia, poucas são as regras que nele se impõem. Além desta primeira regra existe uma outra: que nenhuma obra seja divulgada sem ter sido, primeiro, lida. Por essa razão muitas pessoas me perguntam desconfiadamente se leio todos os livros que divulgo. A resposta é sim, leio todos os livros, apesar de alguns ensaios ler somente alguns artigos principais. Quando sou interpelado, também sou confrontado com a pergunta , como tenho tempo para ler? A este propósito o editor da Crítica publicou um artigo mais extenso onde explico como se pode ter tempo para ler. De uma forma abreviada costumo responder que roubo tempo à vida.
Explicações à parte, vale mesmo a pena chamar a atenção para uma das próximas edições da Gradiva, prevista para chegar às livrarias no final do mês. Este é daqueles livros que me apresso a comprar e devoro numa tarde de sábado. Dar-me-ei conta deste livro oportunamente e só me resta esperar que o tema seja tratado com a seriedade que merece.
Fica, então, a sugestão:
Eduquês: Um Flagelo Sem Fronteiras O caso Lafforgue Laurent Lafforgue e outros
O eduquês veio de fora. Somos, aliás, mestres a importar o que não faz falta. E importamos sempre tarde, quando lá fora já começam a ver-se livres da praga, e sempre sem sabermos bem o que estamos a importar. Por isso a versão portuguesa do eduquês é ainda mais tonta e perversa do que a original...
Existem alguns motivos curiosos pelos quais destaco aqui o mais recente volume da colecção da Gradiva, Ciência Aberta. Antes de mencionar alguma motivação específica, qualquer volume desta colecção merece destaque. Trata-se de uma colecção responsável pela formação científica de muitos leitores portugueses, incluindo a minha. Sem a Ciência Aberta estaríamos muito mais arredados do que é a ciência e as suas grandes questões, bem como do poder pedagógico da sua divulgação.
O volume mais recente, Grandes questões científicas, é organizado por Harriet Swain, jornalista de profissão e que já organizou outros volumes, tais como, Grandes questões da história. O trabalho de Harriet Swain consistiu em reunir um número razoável de artigos (20 no total) de cientistas sobre aquelas que são consideradas as grandes questões da ciência na actualidade. Não pude deixar de notar o preço do volume (14.40€, preço de editor) que, comparado com outros volumes de igual dimensão (cerca de 250 páginas) , é um pouco mais baixo.
Ulrich Beck é um autor que foi ganhando notoriedade desde a publicação da sua obra mais conhecida, A Sociedade do Risco. Sobre a via de uma outra Modernidade, de 1986 que nunca saiu em tradução portuguesa não se sabe muito bem porquê (os critérios editoriais em Portugal são desígnios absconditus), a ponto de se tornar num nome incontornável para perceber o nosso presente a par com autores como Bauman (Cf. Globalization. The Human Consequences, 1998 e Wasted Lives. Modernity and its Outcasts, 2004). O único título disponível em português é uma obra colectiva que reúne Beck, Anthony Giddens e Scott Lash: Modernização reflexiva: Política, Tradição e Estética na Ordem Social Moderna (Celta, 2000). De atender ao ensaio de Beck nesta obra, “A reinvenção da Política. Rumo a uma teoria da modernização reflexiva”, onde define a modernização nestes termos: “ significa a possibilidade de uma (auto) destruição criativa de toda uma época: a da sociedade industrial.”
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Blog de divulgação da filosofia e do seu ensino no sistema de ensino português. O blog pretende constituir uma pequena introdução à filosofia e aos seus problemas, divulgando livros e iniciativas relacionadas com a filosofia e recorrendo a uma linguagem pouco técnica, simples e despretensiosa mas rigorosa.