Para pensar - ironias da profissão
Uma das necessidades que sinto como professor é a de formação na minha área científica. Ela é não só rara como obrigatória. Sou daqueles que de bom grado pagaria a formação se ela aparecesse. Como raramente aparece vou fazendo formação em áreas que pouco ou nada adiantam à minha prática lectiva e em quase nada me tornam melhor profissional. Esta semana quando me dirigi ao quadro de propostas de formação para este final de ano lectivo, a oferta era muito reduzida. Em filosofia nenhuma havia. Poucas ou nenhumas existiam em outras áreas científicas, como física, biologia ou história. A quase totalidade da oferta é em áreas de pedagogia romântica ou artes e ofícios (pintar azulejos, etc.) e em Educação Física (quase todas versando pouco em educação física propriamente dita, mas em pequenas actividades práticas). Mas vi duas que me despertaram a atenção. É certo que uma delas é destinada a professores de Educação Física, mas a outra (não me lembro bem qual das duas) é destinada a todos os docentes. Vale a pena observar os títulos e pensar um pouco o que raio vai fazer um professor de filosofia ou matemática a formações com os títulos que a seguir transcrevo:
“Salto à corda, um salto para a saúde”
“Escalada – propostas de abordagem pedagógica no contexto escolar”
Confesso gostar especialmente da segunda. Deixa-me a pensar que o uma vez chegado o verão posso sempre inventar uma actividade como:
“Beber Cerveja na esplanada aqui ao lado: subsídios para a compreensão ôntico- epistemológico da circunstância metafísica do existir”
Ou então:
“Introdução ao tremoço em contexto da docência centrada na bipolaridade ensino- aprendizagem”
Não sei que pensar. Aceitam-se sugestões.