O culto do amadorismo
Recentemente no Rerum Natura, Desidério Murcho lançou alguns argumentos que desmontavam a lógica do gratuito na internet. Não se fizeram esperar reacções insultuosas já que, o que se estava a atacar era, afinal, todo um modo de vida de corte e cola que hoje em dia milhares de pessoas tem na internet. Desde o blog, à música gratuita e ao cinema pirata, esse é o brave new world para milhares de utilizadores. Aos olhos desses até fica mal dizer que compramos um disco ou um filme. Atiram-nos logo aos olhos que somos burros, que eles têm isso em minutos em casa sem pagar nada. E há toda uma geração de adolescentes que pura e simplesmente nem se gabam disso, já que não fazem ideia do que seja entrar numa loja de discos ou numa videoteca. Mas desenganem-se estes utilizadores. O que julgam ter de borla, afinal, tem um preço ainda mais elevado a pagar do que se fossem a comprar todo o material que digerem. O livro de Andrew Keen ajuda a perceber esta lógica farsa do amadorismo e do grátis na internet. Foi a minha leitura de fim de semana. Mas a discussão não acaba neste livro. Há mais para ler sobre o problema e a verdade é uma busca entre teses opostas.
Andrew Keen, O culto do amadorismo, Guerra e Paz, 2008, Trad. Susana Serrão