Legalização do Aborto: Sim ou Não?
NOTA INTRODUTÓRIA: A autora do texto, Carolina Freitas, aluna do 11º ano, Turma 5, da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, solicitou uma republicação do seu texto, uma vez revisto o mesmo e reforçando-o com mais algumas premissas que melhor confirmem a sua posição em relação ao problema do aborto. da minha parte agradeço e incentivo para que continue este seu trabalho de pesquisa. Neste blog aparecem referências a leituras onde se expõe os argumentos mais fortes usados pelos filósofos contra e a favor do aborto.
Rolando Almeida
Legalização do Aborto: Sim ou Não?
Quando nos deparamos com a questão do aborto, perante muitas pessoas estamos face a uma questão aberrante.
A opinião de muitos é a de que o feto é um ser vivo consciente e, como tal, o aborto é um assassinato. Quero ainda referir que é sempre melhor optar pela prevenção e pela responsabilidade. O uso de métodos contraceptivos é uma forma de precavermos situações mais complexas e que impliquem decisões difíceis, como a de a abortar ou não.
É belo educar e ser-se pais, mas uma situação de aborto pode desencadear processos de arrependimento, sentimentos de culpa e consciência atribulada que é preferível evitar, mas que acontecem.
Na minha opinião sou a favor do aborto. Quando assumimos ter um filho, queremos o seu bem e a melhor qualidade de vida. Se estivermos perante a questão de uma família com necessidades podemos sempre questionar se vale a pena dar uma vida com extremas dificuldades ao nosso filho, para, mais tarde, sofrer consequências psicológicas e sociais? E quando estamos perante um caso de violação, parece ser mais consensual o aborto. Mas nesse caso também não estaremos a matar um feto não desejado? Muitos países têm já o aborto legalizado. Porque temos de ser diferentes? Será que uma mulher não é livre de decidir, em vez de viver uma vida de revolta e deitar a perder um futuro que podia ser melhor decidido? Se liberdade todos temos e esta está sempre associada à responsabilidade, tendo consciência das consequências, liberdade de escolha e ter consciência que estamos perante um aborto, já não teremos reflectido antes de agir? Não será motivo forte?
Para além do mais, em muitos casos, para as mulheres torna-se uma situação de humilhação, descriminação social e revolta uma gravidez não desejada. Temos o exemplo da gravidez precoce na adolescência.
De facto, os métodos contraceptivos são importantes e assim evitam-se gravidezes indesejáveis. E se, ainda assim, uma pessoa toma precauções e tem um azar?
E já que estamos estamos a falar de métodos contraceptivos, não estará o Estado indirectamente a contribuir para um “aborto” quando nos centros de saúde sabemos que é fornecido a pílula do dia seguinte?
Será o feto o mais prejudicado, ou a mãe que terá o peso de se responsabilizar pela sua educação, futuro e que irá reflectir-se na escolha feita pela sociedade?
Ainda assim, temos o exemplo dos orfanatos em que as crianças vivem lá toda a sua vida e com condições por vezes precárias, por vezes com ou sem ajudas do Estado, geralmente sem. Não seria para o Estado e para as próprias crianças
melhor não terem de passar por situações destas e já que estamos perante uma política em que governam os interesses e não o bem estar da população, não seria melhor ao Estado "poupar-lhe" assuntos ligados a esta natureza.
Ainda assim a ignorância por parte das pessoas em não terem uma opinião
sobre o assunto, ou porque vão atrás de opiniões alheias ou porque de nada sabem e votem por votar. As pessoas não se questionam porque é algo que não são do seu interesse ou importância até ao momento em que lhes acontece algo semelhante ou até mesmo por dificuldades em abertura à mentalidade e flexibilidade em lidar com assuntos do género. De pouco serve a opinião que têm, daí a legalização do aborto ser um impasse.
Será que não existem bebés inocentes a servirem de experiências científicas? Será que o feto tem consciência que existe? Não, e se não tem, será que sente que o matam? Não. Não será preferível legalizar o aborto, em vez de abortos clandestinos ou até mesmo, para aqueles que podem, dirigirem-se ao país vizinho e fazer um aborto que é legalizado?
Cada indivíduo irá contribuir para a existência de uma sociedade, daí que seja importante racionalizar as escolhas individuais.
A minha resposta mais livre é que sim, sou a favor do aborto, mas para evitar situações de ânimo leve e que estas se venham a repetir várias vezes, o aborto deverá ser permitido até aos três meses de gravidez.
Carolina Freitas
Aluna do 11º 5 da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco - Funchal