Emotivismo Moral
Outra teoria metaética importante é conhecida como emotivismo ou não cognitivismo. Os emotivistas, como A. J. Ayer (1910-1988) no capítulo 6 de Linguagem, Verdade e Lógica, defendem que as afirmações éticas não significam nada. Não exprimem quaisquer factos; o que exprimem é a emoção do locutor. Os juízos morais não têm nenhum significado literal; são apenas expressões de emoção, como resmungos, bocejos ou gargalhadas.
Logo, quando alguém diz «A tortura está errada» ou «Devemos dizer a verdade», está a fazer pouco mais do que mostrar o que sente em relação à tortura e à honestidade. O que dizem nem é verdadeiro nem falso: é mais ou menos o mesmo que gritar «Abaixo!» perante a tortura e «Viva!» perante a honestidade. Na verdade tem-se chamado por vezes ao emotivismo a teoria do abaixo / viva. Tal como quando uma pessoa grita «Abaixo!» ou «Viva!» não está geralmente apenas a mostrar como se sente, mas também a tentar encorajar as outras pessoas a partilhar o seu sentimento, também, com as afirmações morais, o locutor está frequentemente a tentar persuadir alguém a pensar da mesma maneira acerca do tema em causa.
Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva, p.102
Obs: Warburton está, obviamente, nesta passagem a mostrar as insuficiências do emotivismo e relativismo morais. Brevemente publica-se outros desenvolvimentos. Infelizmente este excelente manual (text book) encontra-se esgotado no mercado português. Esperamos que se preveja uma segunda edição. Além de tudo esta é uma das poucas obras altamente recomendáveis a alunos do secundário publicadas na nossa língua. Segundo sei, existem às centenas em língua inglesa! Em boa verdade, este livro substituiria, com bom grado, muitos dos maus manuais que existem no ensino secundário. Este é o manual que eu gostaria de ter tido, pese embora, honras feitas ao excelente A Arte de Pensar, Didáctica Editora.
Rolando Almeida